25 novembro 2008

Estranho Desejo

Após doze horas trancafiado dentro do hospital no que chamamos de plantão, desço feliz a escada comemorando o témino do mesmo. Três passos após a frente da sala de emergência, acendo um cigarro e ja sinto olhares de condeção apenas por estar vestido de branco com cigarro em mãos. Ao longe uma sirene faz-se ouvir. Ambulância a caminho.
"Parada cardíaca" é o que ouço no anúncio do autofalante (à la megafone).
Por obrigação e amor a vida ao próximo, digo "adeus cigarro", sem ao menos ter tempo de apagar a pequena cinza vermelha, assim, volto três passos adentro novamente.
Adentraram a sala de emergência, do lado de fora, a mãe chorando loucamente e uma moça abraçando a mesma (irmã talvez).
Situação: mulher 25 anos, envenenamento exógeno, encontrada caída ao lado da cama pela mãe que ligou para o resgate.
Comecei meu trabalho naquele momento crítico, fui ao ventilador mecânico e comecei a montagem das traquéias e programação de parâmetros para ajudar artificialmente aquele ser idiota que tomou uma potente combinação de remédios tarja preta em doses cavalares.
Tudo pronto, tudo ajustado, porém meu trabalho só encerra-se no fim de cada estória viva (ou morta).
O circo ainda estava pegando fogo, ela, sem nenhum batimento cardíaco. Os auxiliares de enfermagem, revezando-se de cinco em cinco minutos para eficácia da massagem cardíaca. Muita gente suada e cansada, era fim de expediente.
A decisão Divina demorou para publicar a sentença.
A moça atingiu seu estranho desejo.
Hora do óbito 19:45


Motivo do "auê": Segundo sua mãe, ela ja há algum tempo falava sobre suicídio. Seu (ex) namorado havia termianado pois conhecera outra. Ela, como o via feliz com a atual se sentia mal. Deu-se então este fim trágico.

22 novembro 2008

Um Novo 'Pra Esquecer O Velho



Já faz tempo que afasto a multidão,
'Pra controlar este tumor que me paraliza a cinco anos na prisão.
Quilômetros fiquei e ainda assim fui exposto,
Contava em minha agenda os dias faltantes pra te ver,
E quando o dia chegava sentia- me vivo, coisa tão simples, era tão platônico.
Coisa indefinida, indescritível e tudo incerto.
Nada verdadeiro.
Achava que amava por sentir uma queimação no peito
Não entendia os sinais, que na verdade era apenas você se afastando.
Achava que lhe conhecia, que era minha identidade.
E pra você foi tão fácil mentir,
Tudo pra conseguir...
Até mesmo quando dormíamos, tudo era uma farsa.
Estou sozinho e não quero recomeço,
Toco minha vida, trabalhando e alimentando meus cachorros.
Aprendo com meus cursos diários e faço meu senso como todo bom plantonista,
O sentimento acabou, sei que superei e não preciso mais viver tão escondido.
Não há nada que tenha restado para resgate.
Você é responsável por queimar minha fé.
A fé na raça humana.
Aquela que nos deixa um buraco na alma.
Nos joga na lama
Estou tão longe, tão longe do sol.
Pouca luz chega aqui, os vermes são frios mas receptivos,
Talvez esteja de passagem por curto espaço de tempo.
Tempo suficiente para achar outros olhos encantadores que me tirarão as dores.

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OBS: Não há controvérsia de ideias, antes questionem.

20 novembro 2008

Déficit de Audição por Tempo de Escuta



" Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta..."


Ouvir músicas atuais neste mundo recente é grave problema pra mente.
Não quero e me proíbo a ouvir algo do contexto atoladinha, créu ou o caralho a quatro.
Quero um copo com mistura de The pretenders, The Doors, Sixpense None The Richer, U2, Sia e doses cavalares de Alanis.
Meu lixo auditivo por pressão dos locais (que dizem ser familiares) mostra-se progressivamente ativo, mas na noite, nada posso fazer, finjo apenas que sou surdo, e mesmo assim, a droga penetra e fica martelando por horas e até por dias lateja.
Meus comparsas aderiram a um tipo de sertanejo sem conteúdo, mas que passa batido pelo roça roça das coxas. Galos e galinhas numa esfregação frenética alegando diversão.
Um distribuição gratuita de Monilíse e DST's.
Como é gostoso poder no dia seguinte arrotar a famoso "peguei!", sou o cara...
É assim que nos denominamos como os intelectuais Homo sapiens.
Conclusão: antes ser um macaco comendo banana, ao ser um destes portadores de oponência do polegar.

18 novembro 2008

Sexo a Distância


Eu não queria falar do clichê, nem mesmo voltar para (re)quesitos de minha vida, mas ultimamente meus pensamentos estão sendo controlados por uma força maior.
Queria eu ser unipresente ou melhor, unipotente. Queria mandar em você. Deixar a sua escolha apenas onde suas mãos me tocariam. Neste calor que se faz presente, a cama ja estaria molhada. Acho que não seria suor.
Na pequena visão turva, você por cima agarrando meus cabelos, abaixa a cabeça próximo a meu ouvido e diz algo que quase nunca compreendo, só sei que fico mais suado ainda.
Toda esta louca sensação é prolongada, as vezes você pede 'pra ficar por baixo, que te chame de vagabunda e que estapeie tua bunda.
Isto é loucura momentânea, isto é prazer sexual. Nós o seres animais.
Destes momentos muito fica marcado,
Sei que você não presta, mas ainda assim tenho meus pesares.
Voce perto, me irrita.
Você longe, me faz falta.
Queria controlar o sentimento e desejar você apenas no breu do momento.

13 novembro 2008

Matemática de um Abandonado

Mais uma vez aqui estou.
Pra dizer a verdade, não consigo definir ao certo onde aqui é, e fico na dúvida se realmente estou aqui por alguma razão.
Meu nome é só mais um no meio da multidão.
Meus problemas por mais difíceis, tenho por mim que não são tão ruins quanto os seus. Você, minha rainha, és perfeita. Nada abala esta sua coroa. Nada moe as pedras do teu reino, nada passa despercebido, nem mesmo seu vinho.
Pelas pedras ainda existentes, tropeço em desgosto, ja passou-se várias estações e caímos no mês de agosto. Neste mês de maravilhas, flores, banquetes, fotos, conversas e cafés ao ar livre. Dia ou noite, horas impróprias, tudo era perfeito perante o momento. Eu e você, você e eu, momento raro, momento crítico, tudo era-me servido.
Passam-se dias, passam-se meses. A estação mudou, agora não mais me sinto numa das quatro estações.
Aqueço-me estranhamente no inverno com o calor da lenha melhorado com fotos e pensamentos mortos.
É fato que ainda lembro de momentos inanimados, talvez preguiça de deixá-los serem consumidos pelo fogo, ou quem sabe, medo de deixar tudo sumir sem volta, algo do tipo "Eternal sunshine of the spotless mind".
Nesta rodovia ainda não vi sinal de retorno.
Parando pra pensar no melhor, acho que linha reta é o melhor caminho.
Se não for, meu lucro se faz presente na matemática, pois sei que linha reta é a distância mais curta entre dois pontos.
O problema mor é: onde esta meu ponto?

10 novembro 2008

O Fim

- Você saiu sem dizer adeus.
- Eu te amo.
- Agora espera meu perdão?
- Não mais que eu quando lembro de você.
- Aproveitou de tudo o que me foi privado!
- Quer casar comigo?
- E acha que usar a frase "errar é humano" vai ajudar?
- Ai, meu amor, eu aceito.
- Não tens pena deste ser que aqui lhe implora?
- Quero ter filhos e filhos contigo.
- Não vês que meu arrependimento é verdadeiro?
- Quero passar minha esternidade contigo.
- Pra mim você está morta para sempre.
*** *** *** *** ***
Para meu bem ou para meu mal
Segues eterna.

03 novembro 2008

Porquinho - da - Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .


— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.